Um pouco da história da cocaína

A planta Erythroxylon Coca, comumente conhecida como coca, já era utilizada pelos índios da América do Sul, como pela elite Inca, por exemplo, há milhares de anos. Eles mascavam as folhas da planta, um hábito chamado “coquear”, e o faziam por motivos sociais, místicos, medicinais e religiosos.
Os índios atribuíam à planta propriedades mágicas e consideravam-na sagrada: acreditavam que com ela, entravam em contato com deuses e espíritos, que os protegiam. Utilizavam-na em rituais de nascimento, de iniciação e funerário, cerimônias religiosas, como anestésico local e seu chá para curar dores de estômago.
Quando os espanhóis chegaram ao continente sul-americano e se depararam com a planta até então desconhecida, condenaram não só o plantio, mas também o uso dela, considerado pela Igreja Católica como bruxaria e corruptor das populações nativas. O hábito, segundo os europeus, era o causador da morte de inúmeros índios e acabava com a saúde dos poucos que sobreviviam.
Porém, a coca mostrou-se aos europeus um excelente estimulante, que além de propiciar uma sensação de bem-estar, permitia aos índios executar trabalhos pesados sem sentir cansaço, fome e tampouco sede, exatamente o tipo de trabalhador necessário para extrair prata das minas.
Embora muito comum na América do Sul, a Europa só veio a conhecer a coca no começo do século XIX, quando foi levada para a Inglaterra pelo Jardim Botânico Real.
Na década de 1880, a coca passou a circular por toda Europa e América do Norte, sob a forma de chá . O cultivo e a produção eram feitos no Peru, onde havia um órgão do governo que controlava a coca licenciada para a exportação farmacêutica, a Empresa Nacional da Coca.
A fim de expandir os negócios, a Empresa Nacional da Coca fez uma campanha dos benefícios da coca, lançando uma bebida chamada “Inca Health Tea”, que logo se popularizou entre os norte-americanos. O chá de coca era tido como um “melhorador de humor” e então, na década de1880 começou a ser prescrito para dependentes de cocaína.
Em meados do século XIX, aparecia no mundo outra bebida que continha coca: era o vinho de coca. O seu criador, o empresário Angelo Mariani, desenvolveu o vinho de coca para uma atriz deprimida, que obteve resultados fantásticos. Mariani também escreveu um livro falando dos benefícios da coca, o que ajudou a torná-lo, junto com sua criação, famoso.
O vinho de coca, lançado em 1863, logo foi aprovado pela sociedade, que muito apreciou o tônico que “nutria, fortificava e refrescava a mente e o corpo”. Assim, a bebida tornou-se popular não somente entre escritores e compositores, mas também entre a realeza e o clero: a Rainha Victória, William McKinley (o presidente dos Estados Unidos) e o Papa Pio X a elogiavam. O Papa Leão XIII chegou a conceder ao Vinho Mariani um selo oficial de aprovação e uma medalha de ouro ao seu criador.

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