INTOLERÂNCIA E RELIGIÃO
Preconceito diante de religiões e crenças alheias
A intolerância religiosa é o termo usado para exemplificar a incapacidade de aceitar e respeitar a religião ou crença de outros indivíduos. Ela é configurada principalmente pela discriminação, violência física e ideológica, ou qualquer ato que fira a liberdade de culto.
De acordo com a declaração da Organização das Nações Unidas (ONU), esse tipo de intolerância caracteriza-se como “toda a distinção, exclusão, restrição ou preferência fundada na religião ou nas convicções e cujo fim ou efeito seja a abolição ou o fim do reconhecimento, o gozo e o exercício em igualdade dos direitos humanos e das liberdades fundamentais”.
A intolerância religiosa é fruto de um longo processo histórico de doutrinação. Mesmo com os avanços das políticas públicas e projetos para assegurar a liberdade de expressão e culto, o Brasil e demais países continuam protagonizando novos casos de discriminação.
Intolerância Religiosa no Mundo
A intolerância religiosa se faz presente na história da humanidade, sendo a causadora de guerras e morte de milhares de pessoas.
Os adeptos do cristianismo foram os primeiros a sofrerem perseguição do Império Romano, que se considerava ameaçado pela grande propagação da religião. Entretanto, quando alcançaram a legalidade, cristãos passaram a discriminar pagãos, judeus e, tempos depois, muçulmanos.
A perseguição aos Judeus no período da Segunda Guerra Mundial é mais um traço de intolerância do século XX. O regime nazista alemão condenou e matou milhões de pessoas de etnias e crenças diferentes do modelo padrão.
Atualmente, a força da intolerância se espalha por territórios do islamismo. Ordens extremistas impõem de forma violenta suas concepções da religião, expulsando e matando aqueles que não concordam.
No Iraque, por exemplo, as vertentes islâmicas sunitas e xiitas são protagonistas de conflitos e guerras civis. Um grupo cultiva o ódio para com o outro, sendo os xiitas os mais perseguidos, pois se apresentam em menor quantidade.
Intolerância Religiosa no Brasil
O Brasil, pela constituição, é um Estado Laico. Em teoria, deve ser independente, sem influências da Igreja. Isso assegura a liberdade de escolha individual. A intolerância religiosa é tida como crime de ódio, considerada inafiançável e imprescritível, sendo os ofensores sujeitos a pagamento de multas e prisão.
No entanto, esse apoio da lei foi possível a partir de 1891, com a instalação do governo republicano. Até então, o catolicismo era a religião oficial e outros tipos de cultos banidos.
O caminho da intolerância religiosa no país começou com a chegada dos portugueses. Os índios, povos nativos, foram obrigados a renegar as crenças e tradições de origem, enfrentando catequização dos padres jesuítas.
Padre José de Anchieta catequizando os nativos. (Foto: Wikipédia)
Em seguida, com a vinda dos negros africanos escravizados, o mesmo processo manipulador se repetiu. Eles tiveram que cultuar seus orixás através dos santos católicos, uma estratégia para driblar a doutrinação católica dos senhores de terra.
O domínio do catolicismo sofreu um certo enfraquecimento apenas no Segundo Reinado – momento de imigração alemã e vinda de pastores da Igreja Luterana. A consolidação da república permitiu maior liberdade de culto.
As religiões de matriz africana continuam sendo as mais impactadas pela intolerância religiosa. No passado, os terreiros e praticantes eram alvos da polícia e nos dias atuais são reféns de ataques e atos de vandalismo.
Por isso a umbanda e o candomblé são as crenças mais atacadas no Brasil. Religiões evangélicas e espíritas ficam logo atrás.
Dia de Luta
No dia 21 de janeiro comemora-se o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.
A data, que é baseada na Lei de n° 11.635, é em homenagem à Iyalorixá Mãe Gilda, do terreiro Axé Abassá de Ogum, em Salvador – que sofreu infarto após ser acusada de charlatanismo e ter sua casa e terreiro invadidos.
O dia de enfrentamento, em vigor desde dezembro de 2007, é na mesma data de falecimento da Iyalorixá, que tornou-se símbolo de combate à intolerância, especialmente em relação as religiões de matriz africana.
A Fé na Tolerância
O fundamentalismo religioso – prática que classifica algumas doutrinas como verdade absoluta a ser seguida – é um dos principais motivadores para mentalidades e comportamentos intolerantes.
Por outro lado, as ideias de tolerância é algo presente em livros sagrados e ensinamentos de profetas e seguidores. Destaca o lado pacificador e inclusivo da religião. Conheça alguns pensamentos que demonstram isso.
Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
Em verdade, jamais se destrói o ódio pelo ódio. O ódio só é destruído pelo Amor. Este é um preceito eterno.
A regra de ouro consiste em sermos amigos do mundo e em considerarmos toda a família humana como uma só família. Quem faz distinção entre os fiéis da própria religião e os de outra, deseduca os membros da sua religião e abre caminho para o abandono, a irreligião.
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