NADIS

Chakra é a denominação sânscrita dada aos centros de força existentes nos corpos espirituais do homem; também são chamados lótus ou rodas. Quando eles estão inativos assemelham-se a rodas; quando despertam, eles tomam a aparência de uma flor (lótus) aberta, irradiante, colorida pela freqüência da energia das pétalas (1). No Mundaka Upanishad define-se o chakra como o local "onde os nadis se encontram como os raios no cubo de uma roda de carruagem". Os centros são formados pelo encontro destas linhas de força (nadis), do mesmo modo que os plexos, no corpo físico, são formados pelo encontro de nervos. Existem centros maiores, aqueles que resultam do encontro de um número maior de nadis (vinte e uma vezes, segundo Coquet) e os centros menores em que a confluência dos nadis é menor (2). Entre estes últimos existem vinte e um (21) formados pelo encontro de quatorze (14) nadis e outros bem menores formados pelo cruzamento de sete (7) nadis. NADIS E MERIDIANOS - Os nadis são, portanto, linhas de força que não devem ser confundidas com os nervos do corpo físico, embora estejam em relação a eles como os chakras com os plexos e órgãos do corpo físico. São condutores de energia. Os estudos de Motoyama indicam que eles podem ser comparados aos meridianos sobre os quais trabalha a acupuntura. Esta é também a opinião de Coquet. No corpo etérico, denominado também pelos teosofistas de corpo físico invisível, porque nasce com o corpo físico e com ele desaparece, os nadis se apresentam como se fossem milhares de finos filamentos de gás néon, entrecruzando-o em toda sua extensão (3). O número deles difere na literatura hindu, pelo que se atribui um caráter esotérico às quantidades apontadas: 72.000, 550.000, 720.000, etc. Os mais importantes são o Sushumna, Ida, Pingala, Gandhara, Hastajihva, Kuku, Sarasvati, Pusha, Sankhini, Payaswini, Varuni, Alambhusha, Vishvodhara, Yasasvíni. Os três primeiros são os mais importantes, sendo que o Sushumna domina a todos os demais. IDA, PINGALA, SUSHUMNA - Para que se possa ter uma noção desses três nadis ao longo da coluna vertebral, tomemos uma série de números "8" e os coloquemos em posição horizontal, empilhando-os ao longo da coluna vertebral; teremos então uma figura semelhante às serpentes no caduceu de Mercúrio. O nadi que sobe pela esquerda é Ida; o da direita Pingala; não estão porém dispostos de forma paralela, eles entrecruzam-se como nos referimos acima (4). No centro corre um canal: é o nadi Sushumna. Ao longo da coluna vai formando uma série de confluências, das quais a mais importante é a existente no chakra frontal, onde desembocam. Ida e Pingala estão sempre ativos, mas o Sushumna permanece inativos, pois o prana ainda não circula através dele (5). No interior do Sushumna acham-se três outros nadis o Vajna, Chitrini, dentro do qual se encontra o Brahma nadi, ao longo do qual se elevará a energia Kundalini. NADI = NATUREZA - Coquet esclarece que: "Cada nadi tem uma natureza quíntupla e encerra cinco fibras de energia estreitamente ligadas no interior de uma bainha que os recobre. Estes filamentos de energia são unidos uns aos outros em relações transversais." É preciso entretanto notar que cinco tipos de energia formam uma unidade e que, tomados em seu conjunto, eles formam a própria bainha etérica. É, diz-se, através destes cinco canais que correm os cinco pranas maiores, vitalizando assim todo o organismo humano. Não existe uma só parte do corpo que não possua uma rede de nadis subjacente à sua forma. PRANA - ESPÉCIES - As cinco diferenciações do Prana no corpo humano são: - PRANA: estende-se do nariz ao coração e influencia particularmente a garganta e a palavra, o coração e os pulmões; - SAMANA: estende-se do coração ao plexo solar e age, sobretudo, sobre o poder de assimilação do alimento e da bebida. Está deste modo em estreita relação com o estômago; - APANA: é particularmente ativo desde o plexo solar até a planta dos pés e age sobre os órgãos de eliminação, de dejeção e da geração. Seu poder está pois fortemente unido aos órgãos geradores e eliminadores; - UDANA: está situado entre o nariz e a parte superior do crânio; está em relação com o cérebro, os olhos e o nariz. - VYANA: corresponde à soma total das energias prânicas tal como é repartida através de todo o corpo por intermédio de milhares de nadis e nervos, assim como dos canais sanguíneos, das veias e das artérias" (Coquet - Les Çakras - L"anatomie occulte de L"homme, Paris, 1982, p. 43). CHAKRAS MAIORES - ENUMERAÇÃO - Os chakras maiores são em número de sete: Denominação: 1. Centro básico ou fundamental 2. Centro sacro ou sexual (genésico) 3. Centro solar ou umbilical 4. Centro cardíaco 5. Centro laríngeo 6. Centro frontal ou cerebral 7. Centro coronário Em sânscrito Muladhara Swadhisthana Manipura Anahata Vishuddha Ajna Sahashara Além destes, alguns outros são destacados nos estudos sobre chakras: o centro esplênico (do baço), "uma parte espiritual no interior do coração físico" (6), o Alta-maior e o Bindu. O número de chakras médios e menores é muito grande; daí alguns afirmarem que é infinito o número dos chakras. A enumeração varia por diversos motivos. Leadbeater ("Os Chakras", Ed. Pensamento) põe de lado o centro sexual (sacro) por "entender que o despertamento deste centro deve considerar-se como uma desgraça pelos graves perigos a ele relacionados", mencionando que "no plano egípcio de desenvolvimento se tomavam esquisitas precauções para evitar tal despertamento" (vide também - "A vida oculta da Maçonaria", Pensamento). Por isto, prefere estudar, em seu lugar, o chakra do baço (esplênico). Edgard Armond, embora assinale o sacro (genésico) além do esplênico, ao tratar da reativação dos chakras não o inclui esclarecendo que - "essa passagem não só é suprimida pela sua diminuta influência na aplicação dos passes, mas sobretudo pelos graves e notórios viciamentos existentes no setor do sexo, pois seria maléfica, em todos os casos, a excitação desse centro de força" ("Passes e Radiações", Editora Aliança Espírita Evangélica) (7). A enumeração também varia de acordo com os sistemas adotados em relação aos centros. Nos sistemas tibetanos de meditação, bem como na concepção budista dos centros psíquicos, o sagrado não é considerado como centro independente, porém se acha combinado com o fundamental a formar um só centro (Anagarika Govinda, "Fundamentos do Misticismo Tibetano"', Pensamento). André Luiz ("Entre a Terra e o Céu", FEB) não menciona o chakra fundamental, incluindo, no entanto, o esplênico. No Yoga tibetano, por outro lado, o centro frontal e o coronário são considerados como um só, e assim são mencionados nas escrituras (Anagarika Govinda, op. cit., pp 151/152). A escola japonesa Shingon omite o centro sagrado; indica, porém, o centro das espáduas e os dois centros situados à altura dos joelhos (Coquet, op. cit., pp 14/15). O Shatchakra-Nirupana ("Descrição dos seis centros") considera o coronário como de ordem mais elevada do que os simples chakras. O Espírito White Eagle nomeia entre os sete chakras principais o esplênico, mas omite o muladhara como centro independente, indicando, porém, o genital ou sacro a que denomina de kundalini. LOCALIZAÇÃO DOS CHAKRAS - Os centros se acham situados nos vários corpos espirituais; temos assim centros etéricos, astrais, etc. Leadbeater faz sempre referência aos etéricos, mencionando no entanto os astrais (op. cit., cap. IV). Satyananda estuda-os no corpo astral, do mesmo modo que o Espírito André Luiz (8). Estas diferenças devem ser levadas em conta, porque uns são construídos com matéria etérica e outros com matéria astral, etc.. Os chakras etéricos estão situados na superfície do duplo etérico (cerca de seis milímetros da superfície do corpo físico). Os centros astrais estão geralmente situados no interior do corpo astral (Powell e Leadbeater). Os chakras etéricos transferem para o físico as quantidades inerentes aos chakras astrais. Por outro lado, determinados fatos físicos repercutem pelos chakras etéricos até os chakras astrais alterandoos, de modo que numa próxima encarnação esta alteração se expressará em forma de desequilíbrio ou enfermidade (9). As viciações mentais provocam também graves alterações nos centros de força. INFLUENCIAÇÃO RECÍPROCA DOS CHAKRAS - Destaca Pierre Weil que os chakras não estão isolados uns dos outros; eles mantêm uma influenciação recíproca. Os chakras inferiores retêm o homem na vida animal, propiciando-lhes no entanto as energias necessárias à sobrevivência, enquanto os superiores buscam acelerar a evolução do indivíduo ("Fronteiras da Evolução e da Morte", Vozes, p. 69). No Yoga se afirma que cada chakra é constituído metade dele mesmo e metade dos seis chakras restantes. As características funcionais de um chakra seriam assim influenciadas pelos outros chakras (vide para maiores detalhes, Pierre Weil, op. cit.). CHAKRAS, FORMAÇÃO DO CORPO ASTRAL E EVOLUÇÃO - Os chakras são responsáveis pela formação do corpo espiritual. É o que ensina André Luiz ao dizer que "vibrando em sintonia uns com os outros, ao influxo do poder diretriz da mente estabelecem, para nosso uso, um veículo de células elétricas, que podemos definir como sendo um campo eletromagnético, no qual o pensamento vibra em circuito fechado" ("Entre a Terra e o Céu", p. 126). Esta também é a opinião emitida por Coquet - "... os centros são as causas primarias na formação e na construção do templo do homem ou, em outros termos, do mecanismo da alma. É, pois, normal constatar as dificuldades que têm as glândulas endócrinas de se adaptarem aos ritmos que lhes impõe a consciência objetiva em curso da evolução e particularmente neste século rico de novidades. Mas isto faz parte do plano de evolução e cada um deve estar consciente disso. À medida que a natureza emocional se desenvolve e o intelecto torna-se mais ativo, os centros correspondentes tornam-se igualmente mais ativos e pode-se observar a emergência de determinadas perturbações. Tomemos o exemplo do centro laríngeo que, em se desenvolvendo, arrasta consigo uma crescente atividade do intelecto e determina assim uma grande complexidade do pensamento: nós veremos a aparição de perturbações de ordem psicológica. Cada centro determina pois um número bem preciso de perturbações inerentes à qualidade de sua energia respectiva" (op. cit., p. 85). CENTROS DE CONSCIÊNCIA - Os chakras não são simples centros energéticos, mas também centros de consciência. Esclarece a respeito Anagarika Govinda: "Enquanto que de acordo com as concepções Ocidentais o cérebro é a sede exclusiva da consciência, a experiência yogue mostra que nossa consciência cerebral é apenas "uma" entre muitas formas possíveis de consciência, e que esta, de acordo com suas funções e natureza, pode ser localizada ou centralizada em vários órgãos do corpo. Estes "órgãos" que coletam, transformam e distribuem as forças que fluem através deles são chamados de chakras ou centros de força. Deles irradiam correntes secundárias de força psíquica, comparáveis aos raios de uma roda, às varetas de um guarda-chuva, ou às pétalas de um lótus" (op. cit., p. 145). Depois de destacar que os chakras são pontos nos quais as forças psíquicas do corpo se interpenetram, situando-se a sede da alma nos pontos em que o mundo exterior e interior se encontram (Novalis), concluí: "Por isso, podemos dizer que cada centro psíquico nos quais nos tornamos cônscios desta penetração espiritual torna-se a sede da alma, e que pela ativação ou despertar das atividades dos vários centros nós espiritualizamos e transformamos nosso corpo" (idem p. 145/146). Jung considera-os também centros de consciência: "uma espécie de graduação de consciência que vai desde a região do períneo até o topo da cabeça" ("Fundamentos de Psicologia Analítica", Vozes, 1972, p. 26). Miguel Serrano registrou uma conversação tida com Jung sobre os chakras: "Os chakras, diz Jung, são centros da consciência e Kundalini, a Serpente Ígnea, que dorme na base da coluna vertebral, é uma corrente emocional que une de baixo para cima e também de cima para baixo" ("O Circulo Hermético" - Hermann Hesse a C. G. Jung, Ed. Brasiliense, 1970, p. 71). 

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